segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O terrorista louro de olhos azuis


Por Frei Betto

Preconceitos, como mentiras, nascem da falta de informação (ignorância) e excesso de repetição. Se pais de uma criança branca se referem em termos pejorativos a negros e indígenas, judeus e homossexuais, dificilmente a criança, quando adulta, escapará do preconceito.

A mídia usamericana incutiu no Ocidente o sofisma de que todo muçulmano é um terrorista em potencial. O que induziu o papa Bento XVI a cometer a gafe de declarar, na Alemanha, que o Islã é originariamente violento e, em sua primeira visita aos EUA, comparecer a uma sinagoga sem o cuidado de repetir o gesto numa mesquita.

Em qualquer aeroporto de países desenvolvidos um passageiro em trajes islâmicos ou cujos traços fisionômicos lembrem um saudita, com certeza será parado e meticulosamente revistado. Ali reside o perigo… alerta o preconceito infundido.

Ora, o terrorismo não foi inventado pelos fundamentalistas islâmicos. Dele foram vítimas os árabes atacados pelas Cruzadas e os 70 milhões de indígenas mortos na América Latina, no decorrer do século 16, em decorrência da colonização ibérica.

O maior atentado terrorista da história não foi a queda, em Nova York, das torres gêmeas, há 10 anos, e que causou a morte de 3 mil pessoas. Foi o praticado pelo governo dos EUA: as bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Morreram 242.437 mil civis, sem contar as mortes posteriores por efeito da contaminação.

Súbito, a pacata Noruega – tão pacata que, anualmente, concede o Prêmio Nobel da Paz – vê-se palco de dois atentados terroristas que deixam dezenas de mortos e muitos feridos. A imagem bucólica do país escandinavo é apenas aparente. Tropas norueguesas também intervêm no Afeganistão e deram apoio aos EUA na guerra do Iraque.

Tão logo a notícia correu mundo, a suspeita recaiu sobre os islâmicos. O duplo atentado, no gabinete do primeiro-ministro e na ilha de Utoeya, teria sido um revide ao assassinato de Bin Laden e às caricaturas de Maomé publicadas pela imprensa escandinava. O preconceito estava entranhado na lógica ocidental.

A verdade, ao vir à tona, constrangeu os preconceituosos. O autor do hediondo crime foi o jovem norueguês Anders Behring Breivik, 32 anos, branco, louro, de olhos azuis, cristão, adepto da fisicultura e dono de uma fazenda de produtos orgânicos. O tipo do sujeito que jamais levantaria suspeitas na alfândega dos EUA. Ele “é dos nossos”, diriam os policiais condicionados a suspeitar de quem não tem a pele suficientemente clara nem olhos azuis ou verdes.

Democracia é diversidade de opiniões. Mas o que o Ocidente sabe do conceito de terrorismo na cabeça de um vietnamita, iraquiano ou afegão? O que pensa um líbio sujeito a ser atingido por um míssil atirado pela OTAN sobre a população civil de seu país, como denunciou o núncio apostólico em Trípoli?

Anders é um típico escandinavo. Tem a aparência de príncipe. E alma de viking. É o que a mídia e a educação deveriam se perguntar: o que estamos incutindo na cabeça das pessoas? Ambições ou valores? Preconceitos ou princípios? Egocentrismo ou ética?

Enquanto a diferença gerar divergência permaneceremos na pré-história do projeto civilizatório verdadeiramente humano.

Fonte: Adital

sábado, 20 de agosto de 2011

Intelectuais se dobraram à alienação do trabalho


CLAUDIA ANTUNES
DO RIO
Na chamada sociedade da informação, os intelectuais se dobraram à alienação do trabalho: não têm mais controle sobre o que produzem, e sua obra é uma mercadoria que não revela a subjetividade do autor.

O misto de acusação e lamento foi feito pela filósofa Marilena Chauí na noite de quarta-feira (17) no Rio, na terceira conferência da série sobre o "elogio à preguiça" que acontece também em São Paulo e Belo Horizonte. "A maneira pela qual os acadêmicos se renderam à ideia de produtividade, de controle de qualidade e de ranking é um escárnio. É a destruição da vida do
pensamento", disse a professora da USP.

Segundo Chauí, nas formas anteriores do capitalismo o intelectual era um "trabalhador improdutivo" porque a ciência e os conhecimentos eram aplicados indiretamente na produção por intermédio da tecnologia.

"Hoje todas as ciências deixaram de ser um conhecimento que passa ao largo do capital para depois serem aplicadas. Elas se tornaram uma força produtiva. É isso que significa a afirmação de que todo poder está na informação. A subordinação do intelectual à lógica do capital se fará com a mesma ferocidade em que ela se fez sobre o proletariado."

Na sua conferência de mais de uma hora para um auditório de 300 lugares lotado, na Academia Brasileira de Letras, Chauí deu uma espécie de aula sobre "O Direito à Preguiça", de Paul Lafargue (1842-1911), publicado em Paris em 1880. O genro de Karl Marx, nascido em Cuba de uma família que misturava mulatos e indígenas caribenhos com um judeu francês, escreveu o livro-panfleto em reação à derrota da Comuna de Paris, em 1871.

Ele questionava por que os trabalhadores haviam aderido ao "dogma do trabalho" assalariado, considerando-o uma conquista revolucionária. Propunha a redução da jornada de 12 para três horas diárias. "Ao apertar o cinto, a classe operária desenvolveu para além do normal o ventre da burguesia", dizia.

No tempo livre, os trabalhadores iriam desfrutar da "boa vida" e perceberiam a "virtude da preguiça". Na sua origem latina, virtude quer dizer força e vigor, disse Chauí. Portanto, a preguiça iria, segundo Lafargue, fortalecer o "espírito" dos trabalhadores.

Já naquela época, o socialista revolucionário apontava a criação de necessidades fictícias de consumo e a produção de supérfluos para garantir a reprodução do sistema, em que a parcela do trabalho não remunerada (a mais valia) garante o lucro.

Numa referência à ofensiva religiosa que se seguiu à derrota da Comuna --na época foi construída a basílica de Sacre Coeur, em Montmartre, e incentivado no campo o culto a santa Bernadete--, ele escreveu o livro como paródia de um sermão, em que até o descanso de Deus no sétimo dia era citado como exemplo do direito ao ócio. "Não é a irreverência de um ateu, mas a crítica ao trabalho assalariado como trabalho alienado", disse Chauí.

Antes de discutir o panfleto de Lafargue, a filósofa fez um breve histórico da visão paradoxal que a tradição ocidental tinha do trabalho até os calvinistas lançaram a máxima de que "mãos desocupadas são a oficina do diabo" --na famosa conjunção entre a "Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo" identificada por Max Weber.

No Gênesis da Bíblia, por exemplo, o trabalho é imposto como pena eterna a Adão e Eva, que não mereceram o paraíso. A preguiça, portanto, é um pecado capital. Ao mesmo tempo, a ideia do trabalho como "desonra e degradação" faz com que ele não seja visto como opção de quem tem livre arbítrio.

"Essa ideia aparece nas sociedades escravistas como a grega e a romana, cujos poetas não se cansavam de proclamar o ócio como um valor indispensável para a vida livre e feliz", disse Chauí.

A palavra trabalho não existia em grego e em latim, lembrou ela. "Os vocábulos ergon (em grego) e opus (latim) se referem às obras produzidas e não à atividade de produzi-las."

A palavra latina que deu origem a trabalho é "tripalium", um instrumento de tortura. O latim "labor", que originou o inglês "labor", significa esforço penoso. "Não é significativo que em muitas línguas modernas recuperem a maldição divina contra Eva usando a expressão trabalho de parto?", perguntou a professora.
Fonte: Folha.com

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

IBGE lança edital de seleção para 4.250 vagas em todo o Brasil


De 29 de agosto a 19 de setembro, estarão abertas as inscrições para 4.250 vagas temporárias para Agente de Pesquisas e Mapeamento (salário mensal de R$ 850,00), oferecidas em 554 municípios distribuídos pelos 26 estados e no Distrito Federal. Os selecionados terão contratos de até dois anos, renovados mensalmente.

Para Minas Gerais serão 384 vagas. Confira na íntegra:




quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Cantora peruana negra será Ministra da Cultura


O presidente do Peru, Ollanta Humala, nomeou a cantora Susana Baca, de 67 anos, para o cargo de ministra da Cultura, que será a primeira negra do país desde a independência face à Espanha, em 1821 a ocupar este cargo.

Vencedora de um “Grammy” em 2002 com o álbum “Lamento Negro”, Baca é a voz mais conhecida da música afro-peruana, que gravou durante cerca de duas décadas em Cuba.

Ollanta Humala, que assume o cargo de presidente do Peru na quinta-feira, nomeou ainda a socióloga Patrícia Salas para Ministra da Educação.

Segundo Frei David, estas escolhas são fruto do dia da Mulher Negra Latino Americana. Vamos divulgar esta informação, pois ela nos dá a certeza de que as datas criadas para lembrar a mulher negra está tendo como consequência a competência destas duas grandes mulheres guerreiras.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Nasa se prepara para lançar sonda Juno para descobrir 'receita dos planetas'


AFP - Por Kerry SHERIDAN

A Nasa se prepara para lançar, na próxima semana, a sonda de exploração espacial Juno em direção a Júpiter, a fim de tentar melhor compreender como se formou este enorme planeta gasoso e, por extensão, "qual é a receita de fabricação dos planetas".

A sonda impulsionada por energia solar, avaliada em 1,1 bilhão de dólares, deve iniciar, no dia 5 de agosto, uma odisseia de cinco anos em direção ao mais maciço dos planetas do sistema solar.

O nome Juno representa aquela que, na mitologia romana, é ao mesmo tempo mulher e irmã de Júpiter.

Com sua reluzente mancha vermelha e massa maior que a do conjunto dos planetas, Júpiter intriga os astrônomos porque poderia bem ser o primeiro a ter sido formado no sistema solar.

"Quando o Sol se formou, recuperou a grande maioria de seus restos", resumiu Scott Bolton, principal cientista do programa Juno e membro do Southwest Research Institute em San Antonio (Texas, sul).

"É por isso que é tão interessante para nós: se quisermos voltar no tempo e compreender de onde viemos e como os planetas apareceram, o segredo está com Júpiter", destacou.

"Então, queremos conhecer a lista dos ingredientes. O que queremos fazer realmente é descobrir a receita de fabricação dos planetas", resumiu.

Em 1989, a Nasa havia lançado a sonda 'Galileo', que entrou em órbita em torno a Júpiter em 1995 e se desintegrou mergulhando no planeta em 2003. Outros engenhos espaciais da Nasa, como os Voyager 1 e 2, Ulysses e New Horizons também se aproximaram do quinto planeta partindo do Sol.

Mas desta vez, "vamos chegar mais perto de Júpiter que nenhuma outra nave espacial", destacou Scott Bolton esta semana, em entrevista à imprensa. "Estaremos, apenas, a 5.000 km sobre a crista das nuvens".

"E mergulharemos, também, sob os circuitos de radiações (de Jupiter), o que é muito importante porque constituem a região mais perigosa do sistema solar, exceto se quisermos ir reto, em direção ao próprio Sol", continuou.

A viagem para Júpiter não será feita em linha reta, explicou Jan Chodas, diretora do projeto Juno do Jet Propulsion Laboratory da Nasa em Pasadena (Califórnia).

"Nós a lançaremos da Terra ainda em agosto e contornaremos a órbita de Marte, fazendo duas grandes manobras no espaço", enumerou. Em seguida, Juno voltará roçar a Terra, em outubro de 2013, antes de singrar em direção a Júpiter. Chegada prevista: julho de 2016.

Juno vai utilizar uma série de instrumentos, entre eles alguns fornecidos por Itália, França e Bélgicacomo parte de uma parceria com a Agência Espacial Europeia, para estudar o funcionamento do planeta e sondar suas entranhas.

Duas experiências significativas consistirão em tentar avaliar a quantidade de água que o planeta contém e determinar se "possui um núcleo de elementos pesados em seu centro, ou se é composto apenas de gás", explicou Scott Bolton.

Os cientistas procuram, também, saber mais sobre os campos magnéticos de Júpiter e sobre sua mancha vermelha, local de uma tempestade que causa furor há mais de 300 anos.

Juno se inscreve numa série de missões de estudo do sistema solar, destacou Jim Green, diretor da divisão da Nasa dedicada ao estudo dos planetas: a missão Grail deve ser lançada em direção à Lua em setembro, e o Mars Science Laboratory deverá partir em novembro.

"Estas missões são concebidas para responder a algumas das questões mais complexas que envolvem a ciência dos planetas: tudo o que diz respeito a nossas origens e a evolução do sistema solar", destacou.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

De volta às aulas


Nesta segunda feira, 01 de agosto, o Núcleo Laudelina de Campos Mello retomou as atividades do pré vestibular, preparando-se também para o encontro de núcleos de Minas Gerais que ocorrerá no fim do mês.

Bom trabalho e bons estudos a todos.

Comissão de Comunicação
EDUCAFRO POÇOS DE CALDAS