quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

A diferença entre História, Histeria e Estórias. Você também tem dúvidas sobre o Wikileaks?

Extraído de pagina13.org.br/

Por Antonio Carlos Hoffmann Braga



Será que Julian Assenge é um corajoso cavaleiro branco, brandindo um teclado na mão, a desafiar o “império” e seus segredos confidenciais?

Ou será mais um tipo de Osama Bin-Laden, mais uma criatura fabricada para justificar novas restrições à liberdade de informação e ameaçar de “ataques” e “contra-ataques” não só aos blogueiros progressistas, mas a todos os internautas do mundo?

Tantas patranhas e “maracutaias” fizeram os governos e a imprensa, nos últimos 200 anos, que aprendi, com meu pai, desde pequeno, a desconfiar quando o “império” é apresentado como “vítima” de alguém, como agora acontece com Julien Assenge e seu Wikileaks.

Aqui vão apenas alguns exemplos, todos comprováveis e acessíveis em respeitados compêndios e em sites de História Moderna.

A guerra contra a Espanha: onde tudo começou.

Em 15 de abril de 1898, o encouraçado americano “Maine”, estava ancorado no porto de Havana alegadamente, “para proteger as vidas dos cidadãos americanos”.

Às duas horas da manhã o enorme navio explode, matando 260 marines, justamente durante a guerra de independência de Cuba contra a Espanha.

É lógico que os espanhóis levaram a culpa pela explosão.

Graças a essa explosão, após feroz campanha publicitária dos principais jornais dos EUA,o Congresso declarou guerra à Espanha em todos os continentes.

E o país ibérico perdeu não apenas Cuba, mas inúmeros territórios como as Filipinas e Puerto Rico. Estas, de colônias espanholas passaram a ser colônias americanas.

Treze anos mais tarde, em 1911, uma comissão de inquérito sobre a destruição do Maine, nomeada pelo Congresso, acabou por concluir ter sido uma explosão acidental na casa das máquinas e que a Espanha nada tivera a ver com o caso.

Mas Cuba, Filipinas, Porto Rico e as colônias espanholas tomadas pelos EUA na guerra, nunca foram devolvidas…

Você pode ler mais aqui.

http://xatoo.blogspot.com/2008/06/histria-do-cruzador-maine.html.

Mas se preferir buscar por você mesmo, pesquise com as palavras “Maine”, “Remember the Maine”, “guerra americano-espanhola”, etc.

Mídia: a inventora e incentivadora das guerras de conquista

Para ter uma idéia da importância da participação da mídia na maquina de guerra que funcionou nos últimos dois séculos, é importante saber que antes da explosão do Maine, o publico americano manifestava pouco interesse pelo que acontecia em Cuba.

E os jornalistas comuns, menos ainda.

A respeito disso, há um curioso registro histórico de um telegrama de Janeiro de 1898, enviado pelo desenhista do New York Journal, Frederick Remington, que era o correspondente designado para cobrir a guerra de independência de Cuba contra a Espanha.

Remington, entediado, escrevera de Havana, ao seu patrão, magnata da imprensa da época, o célebre William Hearst: “Aqui não há guerra e eu peço para regressar”.

Hearst então mandou-lhe uma resposta que depois ficou célebre.

“Continue aí. Mande os seus desenhos, que eu forneço-lhe a guerra”.

Então, como por acaso, veio uma oportuna explosão do Maine, que deu a Hearst a desculpa que precisava para desencadear através de seus jornais, uma violenta campanha anti-espanhola.

Por meses a fio, todos os dias, Hearst, consagrou páginas e páginas dos seus jornais ao caso do Maine, reclamando vingança, repetindo de forma incansável: “Remember the Maine! Hell with Spain!!!” (Lembrem-se do Maine! Para o inferno a Espanha). Todos os outros jornais o seguiram.

A política externa do porrete: o “Big Stick”.

Foi a partir da guerra com a Espanha, que a história de fraudes comprovadas na política externa americana não parou mais.

Servindo-se de desculpas esfarrapadas, mais de 200 guerras de extermínio e de conquista de riquezas, de mercados e de populações inteiras foram travadas.

A lista quase completa dessas guerras é publicada no Wikipedia….Leia. Você vai ficar impressionado.

Traduza o verbete para o português, pois aparentemente, o site ainda não teve interesse em fazê-lo.

http://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&langpair=en|pt&u=http://en.wikipedia.org/wiki/Timeline_of_United_States_military_operations

Lendo essa relação de guerras, é curioso notar a forma como na sua preparação sempre tiveram importante papel três grandes personagens: os donos de jornais, os fabricantes de armas e algum grande ramo da indústria, como a de petróleo, de frutas, de carvão, de ouro, etc…

Importante também foi o papel dos diplomatas que atuaram como pontes entre a inteligência militar e os politicos locais dos países invadidos e conquistados, interessados em “colaborar” com Washington, em troca de poder, favores ou simplesmente, de dinheiro vivo…

Assim, foram invadidas logo depois a Nicarágua, a Guatemala, Honduras, El Salvador e dezenas de outros países na África, na Ásia e na própria Europa.

Sem falarmos, é claro do quase total extermínio dos povos indígenas da América do Norte, promovido de forma sistemática por meio de oitenta e sete guerras oficialmente declaradas pelo seu Congresso Nacional, contra aquelas “perigosas nações” de Touro Sentado e outros mártires.

As guerras dos EUA na virada do século XX e XXI

Mais recentemente, para começar a guerra com o Vietnam os EUA, em 1964, os EUA inventaram o incidente do Golfo de Tomquim.

Não foi preciso nem afundar nenhum navio para começar essa guerra que os Estados Unidos depois levariam ao Laos e Camboja, matando mais de 5 milhões de civis à custa de mais de 3 milhões de toneladas de bombas incendiárias, químicas e desfolhantes, superior a tudo que foi empregado na Segunda Guerra.

Em Tomquim, foi muito fácil.

Morto Kennedy, que era contra aquela guerra, bastou apenas dizer que duas lanchas vietnamitas haviam “ameaçado” o cruzador Maddox para que o novo presidente, Lyndon Johnson, vice que substituiu o defunto, ordenasse o início dos bombardeios.

Veja mais sobre essa outra “maracutaia” dos EUA.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Golfo_de_Tonkin

Ou pesquise você mesmo com os nomes acima.

Há poucos anos, para invadirem o Iraque, a CIA , a mídia, o governo e a diplomacia americana inventaram que seu amigo e protegido, o ditador Saddam Hussein, havia ficado louco e tinha armas de destruição em massa.

E que ia atacar o mundo. E que o mundo inteiro deveria fazer guerra contra ele. E com isso invadiram o Iraque e apoderaram-se de todas as jazidas de petróleo do país.

Mais tarde, a mídia reconheceu “que havia sido enganada por Bush” e que não havia arma nenhuma de destruição em massa no Iraque. Mas aí já era tarde. Os EUA já tinham invadido o país, feito mais de 150 mil mortos.

E o complexo industrial-militar, ganho centenas de bilhões de dólares em contratos…

Vejam a cara desses jovens, assistindo maravilhados, esse show de ataque aéreo…

http://www.youtube.com/watch?v=PJjW3ol2Cc0

Onze de setembro: “ataque” terrorista ou “inside job”?

Os vídeos sobre o pretenso ataque de um Boeing ao Pentágono, nos quais não se vê nada que pareça de longe aos restos de um avião acidentado, nem asas, nem rodas, nem cadeiras, nem bagagem, nem cauda, nem flaps, fazem com que muita gente que acredite que o 11 de setembro foi um “inside job”(*) e prédio que é o símbolo do poderio americano foi na verdade atingido por um míssil.

http://www.youtube.com/watch?v=8yTCtF9Rfng&feature=related

Muita gente acha também que alguém do governo poderia se interessar em armar e treinar os fanáticos muçulmanos que morreram pensando nas 77 virgens do paraíso, prometidas por Maomé, enquanto matavam 3500 inocentes nas Torres Gêmeas.

Para milhões de americanos, segundo pesquisas de opinião recentes, na verdade esses lunáticos, movidos por uma fé cega e irracional, estariam durante todo esse tempo, trabalhando para alguém que não conheciam, sem saber, através de “gurus” espirituais regiamente pagos para prepará-los para o “sacrifício contra o Grande Satã”.

Afinal, para muita gente, é inacreditável como a agencia de inteligência mais eficiente do mundo, embora tenha sido avisada por suas congêneres alemã, francesa e britânica, nada fez para deter ou investigar as dezenas de migrantes árabes matriculados em escolas de pilotos…

Outros lembram também que Osama Bin-Laden era amigo de juventude de George Wilker Bush e que seu pai, Mohamed Bin Laden era um grande empreiteiro e construtor de bases americanas na Arábia Saudita.

Por sinal, é notório que Mohamad Bin Laden era um grande amigo e sócio de Papai George Bush…http://sites.google.com/site/conspiracaonaoteoria/o-cla-bush

As ditaduras pró-Washington na América Latina, Ásia e África

Aperfeiçoando o modelo de dominação mundial, os Estados Unidos passaram a subornar e armar políticos e militares dos países que queriam invadir e dominar, bem como a comprar, mediante “empréstimos” ou participação acionária em negócios nos próprios EUA ou em paraísos fiscais, controle editorial de jornais, rádios e TVs nos países periféricos.

Foi assim que Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Colômbia, Venezuela, Peru, Bolívia e mais dezenas e dezenas de pequenos países da África viram surgir, nos anos 60 e 70, uma sucessão de golpes de estado e de ditaduras assassinas e sanguinárias, mantidas à força pela derrubada de governos eleitos, fechamento do congresso, nomeação de juízes corruptos, perseguição, prisão, tortura e assassinato de adversários políticos.

As ditaduras militares, implantadas com a ajuda dos jornais, que preparavam a opinião pública para a derrubada dos governos eleitos, eram sempre seguidas de uma completa censura a qualquer opinião divergente.

Essa censura era feita com amplo apoio dos próprios donos de jornais, que censuravam seus próprios jornalistas, demitindo-os, ameaçando-os ou simplesmente delatando-os e entregando-os aos torturadores.

No Brasil, o caso de um jornal que emprestava até caminhonetes de entrega de jornais, para transportar presos políticos torturados, ficou célebre.

Quanto à participação dos Estados Unidos nesses golpes, vale à pena ouvir o áudio da conversa telefônica entre o presidente Lyndon Jonhson, o mesmo que mandou invadir o Vietnam e George Ball, um diplomata, provando a participação dos EUA na implantação da ditadura brasileira em 1964. Ouvindo o áudio, você verá que o apoio incluiu o envio de uma frota com porta-aviões, que ficou ao largo do Rio de Janeiro, pronta para bombardear tropas legalistas, se essas se opusessem ao golpe.

http://www.youtube.com/watch?v=Q65Pz-sFci8

A história dos EUA é tão cheia de casos com o uso de jornais de países colonizados, suborno de políticos e de agentes locais, compra de jornalistas, de “coilunistas”, de “especialistas”, que não caberia num artigo só.

Os quatro presidentes americanos assassinados “por fanáticos”

Meu pai sempre dizia que a pior ditadura do mundo era a americana, pois lá o povo só pode votar em dois partidos, idênticos em quase tudo.

E que nos EUA, quando alguém ou um presidente não agrada mais aos poderosos, ele já sabe: não será nunca derrubado por um golpe militar, pois lá não existem dessas coisas, próprias de países sub-desenvolvidos.

Não, de fato nunca existiu um golpe militar nos Estados Unidos. Talvez porque nunca precisou. Talvez porque lá sempre esteve tudo sobre controle dos poderosos.

E talvez porque lá eles preferem matar os presidentes, em vez de derrubá-los.

Já foram quatro presidentes mortos por meio de “fanáticos solitários”. Que matam, são presos e aí são mortos dentro da prisão, para proteger os mandantes.

Curiosamente, por estranha coincidência, quando foram mortos todos quatro estavam sendo vistos de alguma forma como desagradando aos interesses de grandes monopólios, promotores de guerras e de grupos políticos conservadores e racistas…

John Kennedy e Abraham Lincoln são os mais conhecidos.

Mas também foram mortos por “lunáticos” e “anarquistas” Mc Kinley (*) , que opunha-se no início à guerra contra a Espanha) e Garfield, mas deles ninguém fala no Brasil.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2004/eleicoesnoseua/historico_dos_eua.shtml

A quem tem servido, até agora, as “revelações” do Wikileaks?

E é nesse ponto que me somo aos muito que ainda não acreditam muito nessa estória de que o Wikileaks seja um site que, desinteressadamente, divulga “papéis secretos da diplomacia americana”…

E que tudo isso “esteja fora do controle de Washington”…

Afinal, qual seria o tão grande mal que Julien Assange faria aos EUA, apenas divulgando a opinião dos embaixadores americanos, geralmente depreciativas, verdadeiras ofensas, sobre líderes de países como a Rússia, o Brasil, a Argentina, o Irã, a Venezuela, que não obedecem mais a Washington?

Acaso essas opiniões deixariam a diplomacia dos EUA, “envergonhada”, “numa saia justa”?

Ou muito ao contrário, essas “revelações” seriam uma ótima forma do governo dos EUA poder xingar à vontade líderes desobedientes, eleitos pelos povos e que desagradam os sua política externa, através da desgastada mídia corporativa mundial e de seus amigos opositores, sem poder ser responsabilizado de nada!

Quando alguma coisa passar do limite, Hillary sempre poderia dizer: “Desculpe, Presidente Lula, isso foi coisa do maluco do Assange, eu juro!”

Muito importante ainda é que essas acusações por sua vez, ajudariam as oposições pró-Washington, que no Brasil e em todo o mundo, poderiam usar as velhas e desmoralizadas acusações dos embaixadores como se fosse uma arma nova, recarregada com balas prateadas!

Afinal, a confirmação das acusações desmoralizadas e velhas agora teriam sido obtidas através do puro, verossímil e semi-sagrado Oráculo de Assange!

E seriam assim “provas irrefutáveis” de que suas acusações contra Dilma Rossef, Cristina Kirchner, Vladimir Putin, Hugo Chavez, etc, feitas na época eleitoral, eram “verdadeiras”!

E assim, os meninos de Washington em São Paulo, Buenos Aires, Moscou e Caracas poderiam dizer: “Tanto é verdade o que dissemos, que saiu no Weakleaks, que é perseguido pelos americanos!”

Wikileaks será o coveiro ou será o salvador da velha mídia ?

Vale lembrar que a velha mídia, que hoje “repercute” entusiasmada as acusações dos embaixadores americanos,é toda de propriedade de famílias que há décadas trabalham a serviço dos interesses dos EUA, em todo o mundo…e participam de seus negócios…

Vale lembrar também que essa é uma mídia que estava já num claro caminho da falência, vítima do dinamismo da internet, da existência dos blogs livres e pelo próprio efeito de sua falta de imparcialidade, de sua perda de credibilidade e da consequente queda vertiginosa de vendas de jornais e assinaturas, em todo o mundo!

Nada seria melhor do que publicar essas “revelações espantosas”, vindas agora do Wikileaks, para reanimar as vendas dessa mídia decrépita e sem credibilidade…

Afinal, hoje em dia ninguém acredita quando alguém diz algo e completa com “Juro que é verdade! Saiu na Veja”. Então essa seria uma ótima maneira de recuperar a credibilidade, pois a moda agora seria dizer : “A Dilma foi assaltante de bancos.Isso é verdade, pois saiu até no Wikileaks, o blog que é perseguido pelo governo dos EUA”.

Nada melhor do que mentiras dos embaixadores passarem a ser contadas agora como verdades pelos velhos jornais, mas citando o Wikileaks como fonte!

A idéia parece ser sugerir que não foram os velhos jornais desmoralizados por seu histórico de mentiras e manipulação que teriam feito as acusações, os comentários, dado as opiniões.

Os jornais apenas teriam “reproduzido”, aquilo que o Wikileaks disse, que os embaixadores disseram…

E haja confusão na cabeça do “povão”. Aliás, confusão sempre foi uma ótima forma para uma mentira parecer verdade, pelo menos para aquela metade do público que não lê a notícia, mas só as manchetes…

Assim, nada melhor do que “revelações” do Wikileaks, ( e não mais a FOLHA, a VEJA, o ESTADÃO e o GLOBO ) dizerem que Dilma, a nossa presidente eleita, foi assaltante de bancos…

Afinal, o Wikileaks , conforme deixa a entender a mídia, é “do bem”…pois “é contra os EUA”…E seu líder foi, o Julien Assange, foi inclusive, “preso por um crime que não cometeu”.

E o caro leitor desejaria outra prova que o pobrezinho do Julien “é do bem”?

Então segura essa: “Imagine você que ele foi acusado logo de estupro, imagine, logo por duas prostitutas, convenientemente cubanas, terra de onde saíram milhares de agentes da CIA…”.

Então? Já está convencido que o Wikileaks é “do bem”?

Eu ainda não. E em defesa da minha desconfiança , uso a célebre frase que embasa o direito romano: “Qui profit?”

Afinal, a quem serve o Wikileaks divulgar opiniões de seus embaixadores sobre os presidentes e políticos de todos os países do mundo?

A quem serve a FOLHA divulgar que o Wikileaks disse que o embaixador americano disse que Brasília pode ser alvo de atentados terroristas?

Aliás, vale registrar que a FOLHA orgulha-se de ser um dos sete jornais do mundo que publicam os “documentos confidenciais do Wikileaks, ANTES DA PUBLICAÇÃO NO PRÓPRIO SITE.

Atenção pessoal da CIA no Brasil!

Se a FOLHA publica ANTES do Wikileaks, vocês estão perdendo tempo! A FOLHA está com contatos DENTRO do Wikileaks! Então está colaborando com um inimigo dos EUA! Vamos agir pessoal???

Depois dessa só falta agora a embaixada americana declarar que a FOLHA é uma perigosa inimiga dos EUA…

Vale tudo para tentar recuperar um pouquinho de credibilidade, não é?

Inclusive espalhar o medo de “terroristas”, pois fomentar o terror entre a população do mundo inteiro é uma velha receita do esquema de dominação dos EUA, para justificar sua posição de “polícia militar do mundo”, exposta com clareza por Naomi Klein, no seu livro “Doutrina do Choque”

http://www.youtube.com/watch?v=_nNJM0kKrDQ&playnext=1&list=PLA9C7691743C3D53B&index=6

Jovens: alvo principal do golpe do branco cavaleiro cibernético.

Queria que alguém me desse ao menos uma razão pela qual essa “febre” do Wikileaks não poderia ser apenas uma maneira de voltarem à mídia, para um público novo, que são os jovens de hoje, as velhas acusações que no passado eram imputadas aos que lutavam exatamente contra a dominação americana em seus países?

Todos nós sabemos como são os jovens de hoje: a maioria é extremamente competitiva.

Retraídos ou expansivos, jovens de hoje como os de sempre, são fascinados por tudo aquilo que é moderno, principalmente, se esses sinais de “modernidade” puderem também significar “status”…

Como explicar, de outra forma, as verdadeiras brigas campais que aconteceram semana passada nas lojas de Nova Iorque para comprar os primeiros IPad da Aplle, lançados no mercado?

http://www.youtube.com/watch?v=fhkQQVuh9v8

http://www.youtube.com/watch?v=aVvBRPgSreU

Além disso, com a destruição da educação promovida pelos governos neoliberais em todo o mundo, ( como na Inglaterra hoje em dia, quando o governo conservador aumentou em 300% as mensalidades ) os jovens de hoje não foram acostumados a estudar o passado recente, as ditaduras, as guerras, as invasões.

Ao contrário, através de armas de brinquedo quase perfeitas, “bonequinhos de Comandos em Ação” e jogos eletrônicos, nossa juventude de hoje foi treinada desde a infância a admirar a ação de bandos de homens armados que faziam ações de sabotagem em outros países. Logicamente, esses “heróis” falavam inglês, tinham cabelos louros e olhos azuis e em seus “videogames” passaram centenas de horas destruindo “terroristas” que tem a cara de seus pais, irmãos, primos e vizinhos…

http://www.youtube.com/watch?v=Yb2UFrSiC10

Jovens são mais propensos a acreditar apenas no que podem tocar e ouvir e ler hoje em dia.

Jovens, geralmente, são naturalmente contra os governos.Isso é “bonito” para eles. Não importa que se os governos são a favor do povo ou contra o povo.Importa é “ser contra o governo”.

Por tudo isso, os jovens hoje são infelizmente, presas fáceis para velhas teses e velhos conteúdos passarem por novos, desde que apresentados em uma forma nova, com uma nova embalagem.

E para muita gente a embalagem conta mais que o conteúdo. Assim uma informação, um conteúdo, pode valer bem menos, para os mais jovens, do que o meio, o instrumento pela qual a informação chegou até ele.

Para os jovens, infelizmente, o meio vale mais do que a mensagem. Ou como disse um dia Mac Luhan (*) “O meio é a mensagem”…

Será que o Wikileaks não serve apenas para reforçar as próprias teses e acusações dos próprios EUA, nas quais ninguém acreditava mais, mas que agora, sob o atrativo e perfumado verniz de “confidenciais”, voltam às manchetes do mundo inteiro, para serem consumidas e difundidas nas redes sociais pelos jovens, como se fossem “novidade”, só porque divulgadas por um meio “moderno” como a internet?

A quem serve o Weakleaks “ser perseguido” e “mover guerra cibernética”a quem o persegue?

Será que todas essas supostas perseguições jurídicas e contra-ataques telemáticos não seriam mais uma forma de intimidar os blogueiros progressistas e realmente livres, jovens e velhos, que combatem a mídia pró-americana em todo mundo?

Será que as revelações do Weakleaks, agora reveladas a conta-gotas pela mídia corporativa, como se fossem “segredos”, não são apenas mais uma forma de “pautar” a discussão na internet, dando ao novo “Oráculo de Assange” a primazia de ditar o que o mundo vai discutir hoje, amanhã e depois?

Será que divulgar “confidências” não pode ser também uma forma de chantagear e intimidar políticos, insinuando possuir gravações comprometedoras de todo mundo, para fazê-los colaborar?

E o apoio ao Wikileaks?

É claro que todos somos contra a censura na intenet. E contra a prisão do Assange. Mesmo que ela seja apenas um golpe publicitário.

E a mídia corporativa, aquela que divulga o Assange nas suas primeiras páginas, deveria ser mais cobrada por não condenar com veemência, em editoriais, aqueles que motivaram a sua prisão: o governo dos Estados Unidos da América.

Mas para conhecer e acreditar nas verdadeiras intenções do tal senhor, preciso ver mais coisas que esse Assange venha a liberar.

Não me interessa que o Wikileaks publique a opinião dos embaixadores dos EUA, que de resto são iguais às da FOLHA,do La Nación, do Clarin, e dos milhares de jornais comandados pelos próprios governos americanos em todo os países do mundo onde exista uma embaixada americana…

Preferia ler no Wikileaks trechos das conversas entre esses embaixadores americanos e políticos que reconhecida e publicamente foram e são amigos dos EUA, como Fernando Henrique Cardoso, Carlos Menem, o Fujimori, o Uribe, César Maia, Álvaro Dias e Macri (prefeito de Buenos Aires)…De preferência quando estes se reuniram para tramar os golpes para tentar derrubar Lula, Chavez, Nestor Kirchner…

Enquanto isso não acontecer, enquanto Assange não divulgar fatos e conversas que realmente não interessem aos EUA e à sua máquina de desinformação, como fez até aqui, eu ainda não confiarei nele.

E ninguém pode negar que existe grande possibilidade de que esse Julien Assange possa ser, ele mesmo, até mesmo sem saber, mais um agente a serviço do governo dos Estados Unidos da América.

Ele pode ser até alguém produzido pelos republicanos, que continuam mandando dentro da inteligência americana, para trabalhar até contra o próprio presidente Obama, em cujo governo, afinal, teriam sido quebrados os protocolos de sigilo…

E assim poderia ser apontado como “aquele negro incompetente”, “aquele muçulmano disfarçado”, que revelou nossos segredos ao mundo…

Devemos preferir a História, em lugar de estórias e histerias.

Em vez das estórias dos embaixadores contadas pelo do Wikileaks, prefiro falar do CD com a História dos Crimes da Ditadura Militar,lançada semana passada pelo MEC.

http://educacao.uol.com.br/ultnot/2010/12/10/governo-lanca-cd-rom-com-memoria-da-resistencia-a-ditadura-militar.jhtm

Por enquanto, Assange e seu Wikileaks estão parecendo ser mais um Osama Bin Laden e uma AL Qaeda, criaturas criadas pelo império, com cara de jovem, jeito de jovem, de revolucionário, para fazer com que a desgastada política de desinformação do império possa continuar enganando milhões de ingênuos. Especialmente os que só lêem as manchetes dos jornais.

Assim como atentados no Iraque e no oriente médio são usados para justificar a permanência de tropas americanas naqueles países e novas guerras e invasões, o novo Osama Cibernético parece ter sido programado para destruir pela internet a imagem das lideranças e dos partidos e forças políticas independentes que os povos, pouco a pouco, estão construindo em seu caminho pela auto-estima, pelo desenvolvimento econômico e social.

Tudo com um delicioso charme de “perseguido”, de “clandestino”, de “proibido”, de “moderno” e de “revolucionário”…

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