quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vão ter que engolir Lênin, também


A atual crise vem obrigando alguns analistas burgueses a admitir que Marx estava certo quanto ao capitalismo. Mas tudo indica que é só o começo.

Acaba de ser divulgado um estudo que revela uma imensa concentração do capital mundial. Trata-se de “The network of global corporate control” (“A rede de controle das corporações globais”). Obra de Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano Battiston para o Instituto Federal de Tecnologia de Zurique.

A pesquisa levantou dados de 43 mil empresas multinacionais. Chegou à conclusão de que 80% do valor delas são controlados por 737 bancos, companhias de seguros e grandes grupos empresariais. Destes, somente 147 dominam 40% do valor econômico e financeiro de todas as outras empresas globais. Mas neste último grupo, 50 gigantes capitalistas formam um clube ainda mais poderoso.

Os autores afirmam que tamanha concentração é altamente vulnerável a um “risco sistêmico”. Ou seja, se um vacila, os outros tremem e o mundo inteiro sacode. Também mostra o poder que tais grupos têm para fazer valer seus interesses junto aos políticos. Explica porque os governos insistem em aprovar planos que favorecem o grande capital e penalizam os trabalhadores.

Lênin já alertava para esse fenômeno em seu livro “Imperialismo, fase superior do capitalismo”, de 1917. Num trecho ele diz:

Há meio século, quando Marx escreveu “O Capital”, a livre concorrência era, para a maior parte dos economistas, uma “lei natural”. A ciência oficial procurou aniquilar, por meio da conspiração do silêncio, a obra de Marx, que tinha demonstrado, com uma análise teórica e histórica do capitalismo, que a livre concorrência gera a concentração da produção, e que tal concentração, num certo grau do seu desenvolvimento, conduz ao monopólio. Agora o monopólio é um fato. Os economistas publicam montanhas de livros em que descrevem as diferentes manifestações do monopólio e continuam a declarar em coro que o marxismo foi refutado. Mas os fatos são teimosos e, (...) gostemos ou não, é preciso levá-los em conta.

Gostem ou não os capitalistas, além de Marx, ainda vão ter que engolir Lênin.

Um comentário:

  1. Pois é, sempre que eclode uma crise no capitalismo (e elas são parte inerente do próprio sistema capitalista) são os clássicos autores marxistas que socorrem os economistas adeptos da "laissez faire".
    Só mais uma coisa. Lembro de nosso antigo Professor Paulo Souto Maior dizer há uns anos atrás que ninguém mais lê os textos de Lênin... pelo jeito, muitos irão lê-lo agora!

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